Paulo Bega é apaixonado por luminárias antigas, “Poderia viajar o mundo atrás delas”, conta.
Já Fábio Matheiski foca o olhar nas miudezas e em objetos que dispõem de potencial para virar esculturas de parede, “Já encontrei preciosidades em Ferro-Velho, diz.
Luciano Tartalia, por sua vez, tem admiração pelo mobiliário moderno brasileiro, mas não se prende a ele, “Gosto também de resgatar móveis anônimos, que contem historias e tenham cicatrizes do tempo.”
Ex-modelos de passarelas e revistas internacionais, os três amigos, que viraram sócios, são os idealizadores da Verniz. “Nem antiquário, nem galeria: somos uma loja de peças antigas com curadoria cuidadosa”, definem. O nome comercial surgiu durante um jantar na casa de Fábio, “Fizemos uma lista com cem possibilidades, mas, quando minha mulher sugeriu esse, topamos na hora. Tem a ver com refinamento, móvel, trabalho de restauro”, diz ele.
Entre os diversos interesses em comum do trio, como arte, música, design e fotografia, foi o de garimpar peças antigas que os levou a abrir a empresa em 2014. Começaram antes, porém, vendendo objetos que não cabiam mais em suas casas nos sites de marketplace. “Caprichávamos nas fotos dos produtos. Isso repercutiu e, com o dinheiro arrecadado, fomos ampliando o nosso acervo”, recorda-se Paulo. O negócio deu tão certo que eles alugaram uma garagem no Brás para estocar a mobília. “Em menos de seis meses, tivemos de rescindir o contrato e sair dali por que o espaço ficou entulhado”, lembra Luciano. Foi aí que mudaram para um galpão de 400m2, onde instalaram oficina de restauro, e jardim de vasos – muitos deles vindos de doações -, no centro de São Paulo, para receber os clientes com hora marcada.
Apesar dessa bem sucedida trajetória, foi há apenas um ano e meio que três sócios decidiram dedicar atenção exclusiva à Verniz. Fábio desligou-se da sociedade que fazia parte numa empresa de cenografia, Luciano se desfez de um serviço de bar para eventos e Paulo deu um tempo na produção musical.
Assim sobrou disponibilidade para tocar novos projetos, como a loja na Rua da Consolação, inaugurada no fim do ano passado, “Fomos convidados para expor no piso térreo do Epicentro Jardins e tivemos uma grande receptividade do Público. Daí, decidimos ocupar o imóvel na Consolação. “Nós mesmo reformamos tudo e, em um mês, inauguramos nosso segundo ponto comercial para uma clientela mais diversificada e sem hora marcada para frequentar a Verniz” diz Paulo.
O mix de produtos não se difere muito do galpão, com itens vindos de leilões, depósitos, casas e fábricas desativadas, feiras e achados de rua. “Já encontramos um par de cadeiras Tião, do Sérgio Rodrigues, em uma caçamba”, conta Fábio. Aqui só não entram peças contemporâneas. Temos de pinturas de família de 1860 a luminárias dos anos 90.” Mesmo no novo endereço, a preocupação em vender a preços justos prevalece entre o trio, “Queremos que as gerações mais jovens também consumam os nossos produtos. Tempos atrás nós é que não conseguíamos comprar o que desejávamos”. afirma Luciano.
Regina Galvão para Vogue Brasil Agosto de 2018.